O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento. Embora o diagnóstico oficial só possa ser feito por um profissional especializado, pais, familiares e educadores podem observar sinais precoces que indicam a necessidade de uma avaliação mais detalhada.
Quanto mais cedo o autismo for identificado, melhores serão as oportunidades de intervenção e desenvolvimento para a criança. Neste artigo, vamos explorar os primeiros sinais do autismo e como reconhecer características que podem indicar a presença do TEA.
1. Em que idade os primeiros sinais aparecem?
Os sinais do autismo podem ser perceptíveis ainda nos primeiros meses de vida, mas se tornam mais evidentes entre 12 e 24 meses. No entanto, cada criança se desenvolve de maneira única, e algumas podem demonstrar características do TEA mais tarde.
A recomendação dos especialistas é que os pais fiquem atentos desde cedo e busquem ajuda profissional caso percebam algum atraso ou comportamento incomum no desenvolvimento da criança.
2. Principais sinais do autismo em bebês e crianças pequenas
Embora os sintomas variem de criança para criança, há alguns sinais comuns que podem indicar autismo. Veja os principais:
a) Falta de contato visual
Bebês normalmente olham para os pais e respondem ao contato visual desde os primeiros meses. No entanto, crianças com autismo podem evitar olhar nos olhos, mesmo quando chamadas pelo nome ou estimuladas a interagir.
b) Pouca ou nenhuma resposta ao próprio nome
Por volta dos 6 meses de idade, bebês costumam reagir quando ouvem seu nome. Crianças autistas, no entanto, podem não responder, mesmo quando chamadas várias vezes.
c) Atraso no desenvolvimento da fala
Muitas crianças autistas demoram mais para falar ou não falam de forma típica. Algumas podem até começar a falar algumas palavras e depois parar de usá-las.
d) Pouca interação social
Enquanto bebês neurotípicos gostam de brincar, sorrir e interagir com os pais e outras crianças, autistas podem demonstrar pouco interesse em interações sociais. Eles podem preferir ficar sozinhos e não demonstrar entusiasmo ao ver pessoas conhecidas.
e) Movimentos repetitivos (estereotipias)
Crianças autistas podem apresentar comportamentos repetitivos, como balançar o corpo, bater as mãos, girar objetos ou alinhar brinquedos de maneira específica. Esses movimentos podem ser uma forma de autorregulação sensorial.
f) Sensibilidade a estímulos sensoriais
Algumas crianças com TEA podem ter hipersensibilidade ao toque, sons, luzes ou texturas. Elas podem se incomodar com barulhos altos, evitar determinados tipos de tecidos ou alimentos com certas consistências.
g) Dificuldade em expressar emoções
Bebês e crianças pequenas geralmente demonstram emoções de forma espontânea. No entanto, autistas podem ter dificuldade em expressar sentimentos, como felicidade, tristeza ou medo, ou podem fazê-lo de maneira atípica.
h) Preferência por rotinas rígidas
Crianças no espectro costumam gostar de previsibilidade e podem reagir negativamente a mudanças na rotina, demonstrando estresse ou irritação quando algo sai do esperado.
3. Diferença entre atraso no desenvolvimento e autismo
Nem todo atraso no desenvolvimento significa que a criança tem autismo. Algumas podem apresentar dificuldades temporárias na fala ou no contato visual, mas compensam esses atrasos ao longo do tempo.
Para diferenciar um atraso comum do TEA, os especialistas analisam se os sinais ocorrem de forma persistente e em múltiplas áreas do desenvolvimento, como linguagem, interação social e comportamentos repetitivos.
4. O que fazer se houver suspeita de autismo?
Se os pais ou responsáveis notarem sinais de autismo em uma criança, é fundamental procurar um profissional especializado, como um neuropediatra, psicólogo ou fonoaudiólogo. O diagnóstico é baseado em uma avaliação clínica detalhada, que pode incluir questionários, observações e testes específicos.
Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores as chances de a criança receber o suporte necessário para desenvolver suas habilidades.
5. Tratamentos e intervenções precoces
Embora o autismo não tenha cura, diversas abordagens terapêuticas podem ajudar no desenvolvimento e qualidade de vida da criança. Algumas das principais intervenções incluem:
- Terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada) – método baseado na modificação de comportamentos por meio de reforços positivos.
- Fonoaudiologia – auxilia na comunicação e no desenvolvimento da linguagem.
- Terapia Ocupacional – trabalha habilidades motoras e ajuda a criança a lidar com dificuldades sensoriais.
- Psicoterapia – pode auxiliar na regulação emocional e desenvolvimento social.
- Apoio escolar – adaptações no ambiente escolar podem ajudar na inclusão e aprendizado.
6. O papel da família no desenvolvimento da criança autista
O suporte familiar é essencial para o progresso da criança autista. Pais e cuidadores podem ajudar ao:
- Buscar informações sobre o TEA para entender melhor a condição.
- Criar rotinas estruturadas para dar segurança à criança.
- Estimular a comunicação de forma respeitosa e paciente.
- Procurar grupos de apoio para trocar experiências e orientações.
Com a orientação adequada, crianças autistas podem desenvolver suas habilidades e alcançar autonomia ao longo da vida.
Considerações finais
Identificar os primeiros sinais do autismo é um passo importante para garantir que a criança receba o acompanhamento necessário. Pais e cuidadores devem estar atentos ao desenvolvimento infantil e buscar apoio profissional sempre que houver dúvidas.
O autismo não é uma limitação, mas sim uma forma única de ver e interagir com o mundo. Com informação, respeito e inclusão, podemos ajudar a construir um futuro melhor para pessoas autistas.